Devemos deixar de condenar o erro para não sermos considerados intolerantes? O ecumenismo — gr. oikoumenikós,
“aberto para o mundo inteiro” — prega a tolerância às diferenças e se
opõe ferrenhamente a quem defende o Evangelho como uma única verdade
libertadora.
Aparentemente, o movimento ecumênico é muito coerente, haja vista
basear-se no pressuposto de que cada pessoa possui a sua verdade, e que
esta deve ser respeitada. Parte-se
do princípio “democrático” de que cada um tem o direito de acreditar no
que quiser sem ser incomodado, desde que também não emita nenhuma
opinião sobre as verdades alheias.
Segundo o ecumenismo, as pessoas têm os seus pontos de vista, e o
essencial para cada uma é acreditar em Deus e amar o próximo. Se alguém
faz isso, já é uma pessoa do bem e não precisa se submeter aos
mandamentos e princípios contidos na Bíblia. Em
alguns países, já não se pode mais dizer que o Senhor Jesus é a única
porta para a salvação, conquanto Ele mesmo tenha dito: “Eu sou a porta”
(Jo 10.9).
Nos Estados Unidos já existem até pastores renomados que têm preferido
não falar de Jesus com clareza. Falam apenas de Deus (que é um termo
genérico para o mundo), ao contrário dos apóstolos, que tinham coragem
de dizer claramente que Jesus era o único Mediador, o único Salvador (1
Tm 2.5; At 4.12). No
Brasil, há denominações ditas evangélicas que não apresentam nenhuma
restrição às pessoas que vivem no pecado, desde que isso aconteça em
prol do “amor cristão”. Em
outras palavras, quem vive em práticas que as Escrituras condenam não
precisa abandonar suas errôneas escolhas, pois “já agrada a Deus”.
Em
uma passeata pró-homossexualismo, um grupo “evangélico” exibia
camisetas com os seguintes dizeres: “O Senhor é o meu Pastor e me aceita
como eu sou”. Há “evangélicos” afirmando que não podem dizer
“não” aos seus próprios sentimentos. E afirmam: “Os sentimentos fazem
parte do que eu sou; tenho de fazer o que me faz sentir melhor”. Isso
quer dizer que, se nos sentimos bem, então estamos no caminho certo?
Ora, os homens-bomba se sentem “muito bem” quando tiram a própria vida e
de pessoas inocentes!
Veja como é importante a apologética cristã! Ela não apenas se opõe às
heresias declaradas, mas também às camufladas (cf. 2 Pe 2.1-3),
apresentadas como se fossem boas alternativas para a convivência
pacífica entre as pessoas. Não
aceitemos essa falsa tolerância; esse falso amor! Não podemos deixar de
pregar o Evangelho completo às pessoas, ainda que sejamos vistos como
antipáticos, preconceituosos e perseguidores.
Causa espanto o fato de o ecumenismo a cada dia estar seduzindo os evangélicos. Aqui
no Brasil há celebridades evangélicas participando de shows ecumênicos
promovidos pela Igreja Católica Romana! E quem desaprova esse tipo de
união é tido como intolerante, sem amor, descortês, sem bom-senso,
incoerente, sem ética… É
como se o amor substituísse a verdade, e a unidade sobrepujasse a
doutrina. Tolerar a heresia é melhor do que parecer desamoroso ao mundo?
Charles Colson, em sua obra E Agora, como Viveremos?,
editada pela CPAD, enfatiza que, nesse tempo pós-moderno, não existe
objetivo nem verdade universal. Há somente a perspectiva do grupo, não
importando qual seja: afro-americanos, mulheres, homossexuais,
hispânicos, etc. Todos
os pontos de vista, todos os estilos de vida, todas as crenças e todos
os comportamentos são considerados igualmente válidos. Ninguém pode
criticar o comportamento das pessoas. Essa é a base do falacioso e
perigoso PL 122.
Muitos apelam para o “amor cristão”. Seria o amor uma boa justificativa
para se abrir mão da verdade? Ora, amor não é sinônimo de tolerância.
Quem ama o Senhor deve se submeter aos seus mandamentos e princípios,
pois amá-lo implica fidelidade à Palavra: “Se alguém me ama, guardará a
minha palavra, e meu Pai o amará, e viremos para ele e faremos nele
morada” (Jo 14.23). O amor sem a verdade é fraco e sem influência. Já a verdade sem o amor é rígida demais, sem misericórdia.
O
amoroso Deus é santo e justo, e aqueles que permanecerem no pecado, por
mais convincentes que sejam as suas argumentações, serão condenados (Ap
21.8).
Se o amor anulasse a verdade e nos obrigasse a tolerar o erro, em prol
da unidade, como deveríamos entender as seguintes palavras de Jesus:
“Não deis aos cães as coisas santas, nem deiteis aos porcos as vossas
pérolas; para que não as pisem e, voltando-se, vos despedacem” (Mt 7.6)?
Em 1 Coríntios 16.22, Paulo declarou: “Se alguém não ama o Senhor Jesus Cristo, seja anátema; maranata”.
Ora, se todos devemos nos unir em amor, sem levar em conta a verdade
absoluta da Palavra de Deus, por que o apóstolo Paulo foi tão categórico
ao dizer que está sob ou é anátema quem não ama Jesus?
Não
é fácil comunicar e defender o Evangelho ante uma geração que ouve com
os olhos e pensa com o sentimento. Mas o verdadeiro amor não abre mão da
verdade.
O cristão que se preza segue a verdade em amor e cresce em tudo naquele
que é a cabeça, Cristo (Ef 4.14,15). Ele sabe que a unidade em amor, em
torno da verdade (Jo 13.35), deve reinar, e não a unidade com aqueles
que ensinam falsos evangelhos ou apoiam comportamentos anticristãos.
O amor de Deus não anula a sua santidade. A verdade deve prevalecer, e
não a tolerância ou a imparcialidade, características do falacioso,
embora simpático, ecumenismo. Por isso, o cristão que se preza sabe o quanto é perigoso o PL 122, visto que se baseia em princípios ecumênicos.
Ciro Sanches Zibordi
Nenhum comentário:
Postar um comentário